Prepotentes e inseguros os convidados dançavam. Conforme a música e o ritmo. Cercados de espelhos e de uma bonita decoração. Mas se atentavam ao anfitrião, ao maestro, aos parceiros e aos arredores. Sem nenhum contato real, sem se enxergarem.
Havia fadiga, mas sem descanso. Eram hesitantes e não se sentariam se não pelo cessar da música. Mas o maestro se mantinha e o anfitrião admirava suas formigas.
Havia momentos que as portas se abriam e por elas caminhavam homens proferindo palavras. E a música cessava ao som dessas palavras.
Todos voltavam seus ouvidos a elas mas verbos eram jogados ao ar. Já que os ouvidos se ocupavam mas as mentes permaneciam alheias. Vozes, signos, frases... Firmes e penetrantes filosofavam. Louvavam o autoconhecimento, a sabedoria, o amor.
Mas as mentes só se acalentavam ao som do discurso do anfitrião. Às suas ordens. Mandos e desmandos regurgitados, e todos voltavam ao anormal padrão.
Ao som da música, dançavam normalmente. Sem se olharem no espelho, sem falar. Mantinham sua rotina de trivialidades e a vida fluía por dutos sem energia.
E os grandes homens, capazes de interromper a música, mesmo que por um fugaz momento, saiam do saguão e iam para as ruas se juntar aos outros que, sem formalidades, sem máscaras, dançavam ao som da música que eles mesmos cantavam. Ao som que melhor se encaixava a cada momento.
Ali, na rua, o sangue era quente. E a vida que fluía ali era tão vigorosa, tão viva que iluminava a tudo, criando a mais bonita decoração. Os mais bonitos verdes, as mais limpas águas, os mais doces perfumes, que só não eram sentidos de dentro do saguão.
Sua crítica foi metaforicamente sábia.
ResponderExcluirA máscara que sempre esconde a realidade privava os outros da verdadeira face.
Muito, muito bom, Juju!