segunda-feira, 24 de maio de 2010

Cimento

O cara, cansado,
Calado, Calmo.
Seu carma
A labuta,
Puta, pobre,
Pungente

Emoldurado em seu paletó
Ainda carrega manchas
Das manhãs e madrugadas

Lá fora o papel é diferente
O sorriso desenha a máscara,
De satisfação
De bom cidadão

Em casa
Cria asa
Cria vida
Imagina
Cria, só

A paleta e o paletó
Máscara e moldura
Antagônicas
Que em seu sonho
Se encaixam,
Harmônicas

Cores colorem, camuflam
Suaves e vorazes
Enganam

Desenhos...
Esboçam delicadamente
O delicado desejo
De domar suas vaidades,
Dominar a covardia,
Assumir seus dons.
Construir-se
Sedimentar-se
Acima de rotinas
E rotas e rótulos

O ranço social

Ruminamos nossas vontades
Regurgitamos
Recobramos a sanidade
Insana,
E vivemos dentro das leis
Da moda, modos,
Remorsos,
Vergonhas

E a arte pulsa
Em cada pulso
Em cada passo

Arte|manhas
Driblam a palidez do cimento
E a mente monta uma saída
A mente mente
E tenta acreditar
Que a palidez polida do capital
Não engoliu a altivez da criação

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